segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Abandonar a escola

Enquanto vinha trabalhar, morrendo de sono, e já com preguiça da semana, eu escutava uma conversa animada de um grupo de adolescentes.
E percebi que duas garotas da conversa eram irmãs.
O assunto era estudo, escola e preguiça. Uma delas foi muito sincera ao dizer que sua mãe estava gastando muita grana pagando escola particular enquanto ela não queria mesmo estudar. Disse para a irmã que ela deveria ajudá-la a convencer a mãe a colocá-la em uma escola pública, só para ela terminar a escola, enquanto a irmã continuaria estudando na escola particular com todas as mordomias.
Aquilo me chamou bastante a atenção, primeiro porque tenho sobrinhos nessa idade, e comecei a pensar se eles pensam assim de todo o esforço que os pais fazem por eles. Claro que não, e é por isso que tenho tanto orgulho deles, que com certeza absoluta serão ótimos estudantes da UNB.
Depois eu pensei em mim e em toda a minha tragetória até aqui. Nunca fui fã de carteirinha de estudar, de ir à escola. Mas era sempre em véspera de prova. Porque as aulas em si eu amava e não gostava de faltar nada. Sempre gostei desse lance de apresentar lá na frente. Me esmerei para terminar a escola da melhor maneira e consegui.
Não fui tão longe passando para jornalismo na UNB.Por várias vezes eu tentei, mas era como se todo meu esforço não fosse para ser usado ali.
Comecei a trabalhar cedo e confesso que adorei a idéia. Me parecia algo maravilhoso, ganhar dinheiro. Virei vendedora, e depois de um tempo aquilo me pareceu tão bobo. Eu queria mais. Até optar pela faculdade de Secretariado Executivo e 3 anos e meio depois estar aqui a onde estou. Trabalhando muito, mas satisfeita.
E penso:" e se eu não tivesse estudado?". Se eu tivesse um pensamento como o da garota. Tipo, ser vendedora por muito tempo, achando que ganharia alguma grana, gastando com roupas e tantas outras besteiras.
Ainda continuo um pouco preguiçosa as vezes, mas eu tenho um ideal que só poderá ser alcançado estudando muito, me dedicando ao máximo.
E aí eu simplesmente agradeço à oportunidade que meus pais me deram de poder estudar. Nunca quis abandonar os estudos, e tenho muito orgulho disso!.

Muito amor para você!

Estava de papo com alguém que me contava algumas decepções com seu namorado. Conheço a pessoa a bem pouco empo, mas fui capaz de aconselhar. E aconselhei que àquilo que nos faz mal, a gente tem que ir eliminando. Não é necessário matar a pessoa, ou simplesmente tirá-la de sua vida de uma vez por todas. Mas é preciso olhar para dentro de si e se amar acima de tudo.
Não há amor de homem nenhum que me faça perder a cabeça, ou abandonar meus ideais e minhas vontades. Não há carícia que me faça esquecer de minhas obrigações profissionais e intelectuais. Não há flor no mundo que me faça querer perder a razão.
Eu já amei sim, já fui amada, já ganhei buquês lindos de flores, cartões com poesias maravilhosas. Mas quando tudo isso parecia que seria cobrado mais na frente, eu tratava logo de recomeçar.
E recomeçar é sempre muito gostoso. Abandonar a tristeza, a falta de amor próprio e recomeçar.
Coisa obviamente que não é simples, mas é sempre gratificante.
Claro que o amor é algo lindo. Mas hoje eu percebo que não é tudo. Antes, eu cuido do meu amor pela minha vida, pela minha mente, pela minha alma e por tudo que faz parte de meu universo.
Não sou pedra. Tenho um coração. Um coração que é meu, e que se eu não cuidar direito, ele pode se levar por detalhes e transformar a minha vida em algo que talvez eu não queira.
Hoje eu não tenho medo da solidão, da inveja, da hipocrisia, da falta de carinho, da falta de um romance. Porque o romance que vivo com o meu interior é ainda mais gostoso que qualquer ida ao cinema de mãos dadas. Porque o amor que vem do homem (homem mesmo), não é suficente para me realizar.
O amor que vem de Deus e da família, e dos amigos verdadeiros, é realmente o mais gostoso de ser vivido e degustado.

Um lindo dia!, um monte de amor!. =)

Caio Fernando Abreu

'Preciso de alguém, e é tão urgente o que digo. Perdoem excessivas, obscenas carências, pieguices, subjetivismos, mas preciso tanto e tanto. Perdoem a bandeira desfraldada, mas é assim que as coisas são-estão dentro-fora de mim: secas. Tão só nesta hora tardia - eu, patético detrito pós-moderno com resquícios de Werther e farrapos de versos de Jim Morrison, Abaporu heavy-metal -, só sei falar dessas ausências que ressecam as palmas das mãos de carícias não dadas.Preciso de alguém que tenha ouvidos para ouvir, porque são tantas histórias a contar. Que tenha boca para falar, porque são tantas histórias para ouvir, meu amor. E um grande silêncio desnecessário de palavras. Para ficar ao lado, cúmplice, dividindo o astral, o ritmo, o ver, a libido, a percepção da terra, do ar, do fogo, da água, nesta saudável vontade insana de viver. Preciso de alguém que eu possa estender a mão devagar sobre a mesa para tocar a mão quente do outro lado e sentir uma resposta como - eu estou aqui, eu te toco também. Sou o bicho humano que habita a concha ao lado da concha que você habita, e da qual te salvo, meu amor, apenas porque te estendo a minha mão.No meio da fome, do comício, da crise, no meio do vírus, da noite e do deserto - preciso de alguém para dividir comigo esta sede. Para olhar seus olhos que não adivinho castanhos nem verdes nem azuis e dizer assim: que longa e áspera sede, meu amor. Que vontade, que vontade enorme de dizer outra vez meu amor, depois de tanto tempo e tanto medo. Que vontade escapista e burra de encontrar noutro olhar que não o meu próprio - tão cansado, tão causado - qualquer coisa vasta e abstrata quanto, digamos assim, um Caminho. Esse, simples mas proibido agora: o de tocar no outro. Querer um futuro só porque você estará lá, meu amor. O caminho de encontrar num outro humano o mais humilde de nós. Então direi da boca luminosa de ilusão: te amo tanto. E te beijarei fundo molhado, em puro engano de instantes enganosos transitórios - que importa?(Mas finjo de adulto, digo coisas falsamente sábias, faço caras sérias, responsáveis. Engano, mistifico. Disfarço esta sede de ti, meu amor que nunca veio - viria? virá? - e minto não, já não preciso.)
Preciso sim, preciso tanto. Alguém que aceite tanto meus sonos demorados quanto minhas insônias insuportáveis. Tanto meu ciclo ascético Francisco de Assis quanto meu ciclo etílico bukovskiano. Que me desperte com um beijo, abra a janela para o sol ou a penumbra. Tanto faz, e sem dizer nada me diga o tempo inteiro alguma coisa como eu sou o outro ser conjunto ao teu, mas não sou tu, e quero adoçar tua vida. Preciso do teu beijo de mel na minha boca de areia seca, preciso da tua mão de seda no couro da minha mão crispada de solidão.
Preciso dessa emoção que os antigos chamavam de amor, quando sexo não era morte e as pessoas não tinham medo disso que fazia a gente dissolver o próprio ego no ego do outro e misturar coxas e espíritos no fundo do outro-você, outro-espelho, outro-igual-sedento-de-não-solidão, bicho-carente, tigre e lótus.Preciso de você que eu tanto amo e nunca encontrei. Para continuar vivendo, preciso da parte de mim que não está em mim, mas guardada em você que eu não conheço.
Tenho urgência de ti, meu amor. Para me salvar da lama movediça de mim mesmo. Para me tocar, para me tocar e no toque me salvar. Preciso ter certeza que inventar nosso encontro sempre foi pura intuição, não mera loucura. Ah, imenso amor desconhecido. Para não morrer de sede, preciso de você agora, antes destas palavras todas caírem no abismo dos jornais não lidos ou jogados sem piedade no lixo. Do sonho, do engano, da possível treva e também da luz, do jogo, do embuste: preciso de você para dizer eu te amo outra e outra vez. Como se fosse possível, como se fosse verdade, como se fosse ontem e amanhã'.

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