quarta-feira, 1 de abril de 2009

Por que mereço presentinhos?

Aprendi ao longo de pouco tempo de profissão, que tratar bem as pessoas independe de qualquer tipo de diferença. Sendo branco, ou negro, ou qualquer sexo e religião, eu devo respeitar o ser humano como ele é.
Mas aqui no serviço, eu atendo à todo tipo de público mesmo. Desde os peruanos com mais dificuldade, até ministros e chefes de Cúpulas Internacionais, pois além da recepção , faço o papel de telefonista.
Eis que ontem, ganhei um perfume, caro, de um chaveiro. E hoje ganhei uma xícara muderna e rosinha de uma mulher que entrega documentos para legalização. Às vésperas de meu aniversário ganhei um livro de um Pastor peruano que estava com sua esposa aqui fazendo seu passaporte. E o mordomo do Embaixador me deu um Pisco Saur feito na hora, geladinho, bem como eu adoro.
A questão é: Por que ganhei tudo isso?.
Analizei e percebi que os respeito como eles são e os trato com toda dedicação que exerço em meu trabalho.
Eu fui criada para conviver com as pessoas. Por piores que elas sejam. Tá, tenho raiva de bandidão, estuprador e ladrão, e não convivo bem com arrogância, prepotência, ciúme e mau humor. Mas, mesmo assim, mantenho minha postura e mantenho a minha convicção na aprendizado que as pessoas podem nos dar de presente a cada novo dia.

Amei os presentinhos, somados a tantos outros que ganhei.
A caminhada hoje para o trabalho foi interrompida por dores na perna. Cansaço?. Preguiça?. Vontade de desaparecer.
Reflexões desgastadas, ouvido calejado das reclamações cotidianas.
Tudo permanece igual, estagnado, passageiro, imaculado.
Nada de balões, acrobacias. Novo, somente o coração, que anda batendo desenfreado, desesperado, transbordando de vontades intelectuais. Interesso-me pelo acorde das notas, a sintonia das músicas, do violão, do sussurro na calada da madrugada tensa e intensa.
Viajo na batatinha, mas recupero o senso da normalidade na manhã ensolarada e ventanias deturpadas por silêncios forçados e inflamados de desejos secretos.
Vejo uma criança no colo da mãe, e medito sobre fatores passados, o presente imposto a cada segundo e o futuro incerto e incorreto que planejo a cada folha de meus diários de adolescente.
A juventude que virará velhice, mas que precisa ser resgatada a cada nova virada de página de livros antigos, com folhas amarelas e saltos imortais e imorais da garota dos cabelos avermelhados, com a boca lambuzada por um batom rosa pink e maquiagem berrante.
Aparecer e chamar a atenção para eventuais distúrbios e solidões. A serenidade que já desapareceu. Até aí, tudo em vão.