quinta-feira, 22 de maio de 2014

Sou voluntária na Copa do Mundo sim e com muito orgulho!

Resolvi escrever sobre isso por conta das diversas piadinhas e críticas que venho recebendo nos últimos dias por conta da minha decisão de ser Voluntária na Copa do Mundo de 2014. 
Para quem não sabe, fui Voluntária na Copa das Confederações no ano passado. Fui uma indicação de uma amiga e em meados de abril, lá estava eu me dedicando de corpo e alma à apresentação de abertura do evento. Este ano na Copa do Mundo eu ainda não sei o que farei de fato, mas venho me preparando tanto virtualmente quanto presencialmente para estes grandes dias. 
Sim, grandes. Porque já não dá para voltar atrás e refazer tudo. Agora a Copa vai acontecer e nós não podemos fazer nada.
Não sou uma completa burra e alienada que não sabe o que está acontecendo pelo Brasil à fora. Sei e entendo a revolta da população e percebo em pequenos gestos a raiva que muitos sentem de nós voluntários. O Brasil atravessa de fato um dos seus períodos mais delicados, mas a Copa está aí e a nossa função, seja como Voluntário ou não, é ajudar para que o fiasco não seja total. 
Eu também me sinto mal com tudo. Sinto pela nossa falta dos direitos básicos e dói ver que tanto foi investido e pouco ou quase nada nos será retornado. Falta saúde, educação, segurança e infra estrutura. Falta de um tudo neste nosso Brasil e sei que a Copa de fato não nos trará um benefício, mas sei também que quebrar e queimar ônibus e saquear não é a melhor forma de provar nossa insatisfação. Sou cidadã, pago impostos, enfrento o caos público porque não tenho Plano de Saúde e não tenho carro. Não sou abestalhada ao ponto de acreditar que a Copa ia mudar algo em nossas vidas, mas acredito neste momento no meu papel e eu o irei desempenhar da melhor maneira que me for possível.
E eu sou bem egoísta afirmando que muito do ser Voluntária se voltará para mim, mas voltando para mim eu beneficiarei o meu país, porque só quem faz esse tipo de trabalho entende o quanto nossa percepção à respeito de muitas coisas básicas muda e isso nós levamos para a rua, no voto, na nossa maneira de enxergar a nossa sociedade e é no meu papel profissional que o ser voluntária mais me agrega e dentro de uma linha de retorno, eu sendo uma profissional melhor, ajudo o meu país a melhorar.
Enfim. 
Gostaria muito de pedir um pouco mais de respeito com os voluntários. Assim como pelas pessoas que estão dando duro dentro do que é possível para que este evento aconteça de forma pacífica. E respeito por quem já batalhou em várias construções e até morreram para que chegássemos aqui e pelas que seguem nesse trabalho árduo de tentar com que cheguemos aos dias de jogos com estádios mais arrumados e aeroportos com o mínimo de estrutura. Não é fingir que nada aconteceu e colocar um sorriso no rosto blasé. É ser respeitoso com os turistas que virão, é mostrar dentro do ruim o que temos de bom, porque agora meter o pau no Brasil não vai adiantar. É a nossa oportunidade pessoal de mostrarmos que o Brasil vai além do samba, da mulata, da festa e da Copa até. Somos um povo que precisa resgatar suas raízes, provando o quão corajosos e humanos somos nós.
Reafirmo que não sou contra os protestos, acho até que eles devem ser feitos. Só peço que não machuquem os inocentes, e neste caso, os voluntários. Cada um ali, tem o seu objetivo com esta participação, logo, respeita-los já é uma maneira de querer um Brasil melhor. 
Obrigada aos que não andam rindo de mim por conta de eu ser Voluntária. Serei quantas vezes for preciso, seja em um evento como esse, seja em um projeto familiar, porque toda forma de voluntariado além de ser feita com o coração, não precisa ser grandiosamente mostrada.

Um beijo.

Segue abaixo o link de uma entrevista que dei em minha casa para a Doris Calderón da rede TELESUR da Venezuela, falando sobre o voluntariado na Copa do Brasil 2014.

https://www.dropbox.com/s/e3rtinscf3e9qpn/Brasil%20Voluntario.mov